segunda-feira, 6 de novembro de 2017

vento

abstenho-me de dar letras e formar palavras que saiam de minha boca para o mundo.
às vezes parece absurdo gastá-las,
jogá-las como qual ao vento.
parece-me um desperdício de vida dizê-las.
é tudo tão claro e tem-se que dizer tantas coisas para que sejam entendidas.
o que dizer?
o que adianta?
aos homens a vida ensina no tempo que a falta chega,
ao tempo que a história lhes sufoca,
ao tempo que os dias vão-se embora e os sonhos são expostos aos seus olhos internos de outra forma.
de nada vale a força que se faz para que o outro veja.
ele vê sozinho.
quando lhe for apraz.
quando tiver que ser.
e não mais.
tal fato faz-me calar e viver meus dias como meus dias.
calados dias.