terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Cada um dá o que tem!

É isso.
Cada um dá o que tem.

Fala o que está dentro do coração.
Escreve o que pensa.

Cada um dá o que tem. 
Sem mistério.




Não adianta manter-se na penumbra.
Não há nuvem negra que consiga esconder o que se é.
Não há sorriso, nem olhar.
Não há cena meticulosamente pensada que possa camuflar por tempos e tempos aquilo que há dentro.
Não há nada que impeça de ser revelado à luz da vida todo intento,
nos dias,
no tempo,
nada pode ocultar.

Quem tem paciência exerce. Dá paciência e pronto.
Quem não tem grita, berra, xinga, espragueja.
Não adianta circular entre palavras belas... a vida é muito mais que elas.


Mais que palavras e teorias de uma felicidade comprada,
medida,
regrada,
exibida para a tal sociedade formada assistir como um programa de tv.

Não adianta circular entre poesias,
o que vale são as atitudes declaradas,
elas evidenciam,
fazem conhecer.

Quem tem amor dá amor.
O amor é uma dádiva, e quem não ama a si mesmo não pode amar ninguém.
Não há de valorizar o bem que há no outro, se nem mesmo consegue ver e valorizar o bem que há em si.

Que belo!! Em cada dobra uma história, uma lágrima, uma gostosa risada... 

Amor é a pintura mais bela e viva que coroa a vida.
Enche os olhos de cor, o coração de humor, o corpo de sedenta saudade, a boca de tons brandos e suaves, o pensamento de contruções, projeções.

Quem não tem amor dá desprezo, não tem zelo, desrespeita. Olha o outro e não enxerga a perfeita criação que nele há.
Quem não tem amor não ouve, não valoriza o mínimo, não vê detalhes, não tem real carinho.
Não vê as diferenças como a real pimenta que faltava para temperar...


Não pensa na velhice, na morte, no tempo, nas coisas que também vão passar...

Cada um dá o que tem.

Quem tem palavras fala.
E quem não tem?
Cala, ou diz as maiores tolices e declara o que é em si.

Quem lê expande, quem não lê fica a querer entender quem lê... e porquê...
porque se lê?

Não se pode beber água doce no salgado mar. Há de sofrer ao tentar.
Não se pode beijar de boca fechada. Perde-se o doar-se do ato.
Não pode-se esconder uma lâmpada acesa embaixo da mesa.

Quem tem fé,
quem acredita,
é movido por isso.
Impulsionado e levado a conhecer outros planos em si e no outro...
No mundo, na criação e segurança da espera.
Quem tem fé dá força,
confiança, calmaria, docilidade...
Expressa positividade,
tem necessidade de gerar em si seu sustento interno e de doar um pouco de tudo que crê ser belo para outro ser...

"... porque da abundância do seu coração fala a boca." já dizia o maior sábio que pude conhecer...

Não tem jeito... Cada um dá o que tem!
Olhando assim,
crendo assim,
pode-se enfim observar o que cada um é...

É de assustar...






segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Alimente-se! Saia da dieta da sopa rala! Engorde sua alma!

O corpo pede tudo!
Fome!
Grande fome!
Comida, bebida, toque.

Os sentidos são usados.
Querem ser usados.
Pedem.
Querem sentir, querem ouvir, querem ver, querem tocar.

A alma também requer os cuidados dados ao efêmero.
Ela é eterna. Esplendida, grandemente bela, engenhosa, sensitiva e inteligente.
Ela pede, sedenta está, sempre.

Ela é especial, joia preciosa, fantasiadamente desenhada nas histórias com formas variadas...
Muitas vezes fantasmagórica.

Mas verdade é que o que nós realmente somos não pode ser visto.
Não pode ser tocado com o tal tato que a nós foi dado,
não pode ser visto pela visão natural, nem a mecânica perfeita da íris pode alcançar tal imagem...


O paladar não degusta isso, não cabe em uma tão pequena boca...
Os ouvidos não podem ouvir tamanha amplitude energética...

Somos o que ninguém vê.
Somos movimento.
Somos o que não conseguimos dizer.
Muito mais que filosofias ditas.
Muito mais do que corpos, nervos, músculos...

Pedimos pelo outro,
esperamos os encontros,


somos sedentos por momentos de beleza indescritível,
anseamos pelo que ao mundo parece impossível,
temos metas que gritam em nós e muitas vezes nem as assumimos de tão grande que são,
extensas,
partes nossas e do que realmente queremos para sermos plenos.

Somos mais que palavras e poemas,
desejamos viver o real,
mas não esse real que todos dizem ou criam em suas regras pequenas...
Desejamos viver o que veramente é real,
o que é grande,
e belo.
O reflexo do que o interno,
espera ver manifesto em vida.
Aquilo que substancialmente faz-se completar a alma,
é abstrato,
é intangível,
porém é o pleno,
o realístico.

Tudo que se vê um dia não foi.
Porque tudo partiu de dentro: do pensamento, da alma - ou que quer que queiram dizer dela...

Assim como o corpo requer cuidados zelosos do bem,
a alma requer também.


Palavras de estímulo.
Palavras de fortalecimento. Alimento sólido e vivo.


Isole-se em si e dispense o que traz o não,
a opressão, a depressão, a tristeza.
Afaste essa carga cinzenta e espessa de si,
esses sentimentos geram tudo o que não se deseja.
São como lama barrenta,
areia movediça do viver.

Cresça!

Somos meninos mas em um simples dia temos que passar do leite materno para o alimento sólido.
Crescer.
Em um outro dia simples dia passamos a comer sozinhos,
sem a mão de ninguém para segurar o talher.
Quando se vê, estamos cozinhando.
E depois, comprando o que comer.

Temos que aprender a alimentar-nos  mesmo quando ninguém nos alimenta.
Crescer não é endoidecer.

Se ninguém te diz coisas boas, não ouça.
Muito mennos use essa negatividade a ti enviada para argumentar se acaso fracassar...
Alimente-se com o SIM.
Alimente-se com o EU POSSO.
Diga a si o que espera e simplesmente VÁ!
Cada um dá conta de SI mesmo e pronto!


Não tenha um plano B.
O plano B é simplesmente a declaração de que o A não vai dar certo.



Alimente sua alma.
Saia da dieta da sopa rala.
A alma pode engordar.
Ser cheia, forte e dotada de grande vitalidade.
Viçosa, confiante e cheia de ousadia.

Ela só precisa da palavra certa.

Afaste-a dos que a incapacitam.
Daqueles outros que perdem-se pelo que passa, pelo que acaba.
Afaste-se dos que embebedam-se daquilo que os mata.
Dos que são levianos com suas próprias vidas.
A hora já é.
Momento de crescer.
De dar-se o prazer de viver o que verdadeiramente se deseja.
Com coragem de ser lágrima quando há deser,
de ser riso quando houver riso,
de ser sincero e claro com tudo e com todos.



Creia nisso: Andamos juntos,
mas na verdade... Somos únicos!


ALIMENTE-SE!


Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, andava como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
I Co 13:11 



domingo, 29 de janeiro de 2012

Assim: Eu. Eu gosto!

Eu gosto do pleno.
Meu ser passeia no que dizem impossível.

É bom saber que maior que a montanha é quem a criou!!!!

Não gosto de rotina, nem de vazio.

Eu gosto do belo,
meus olhos encantam-se com o que não se vê somente com eles.

Eu gosto dos sentidos, todos eles...

Gosto do cheiro das coisas,
das flores,


das casas,
das pessoas...
Encantam-me aquelas que são perfumadas,
os cheiros exóticos...

Eu gosto de ver os estilos,
amo os cabelos despenteados,
os negros em suas calças jeans...

Jonathan Haagensen - ator 

As roupas descomportadas,
as pessoas que são completamente diferentes do que dizem ser o tal padrão.
Amo-as então.
Amo sua expressão.

Eu gosto de ouvir as vozes,
as palavras,
as declarações,
as opiniões.

Mesmo aquelas que sei que vão ser mudadas logo...
gosto de ouvir e de falar histórias...

De ouvir Kirk Franklin,
instrumentais e os mais lindos nacionais que puder.
Gosto de ouvir a Palavra pregada e ouvir minha alma, meu coração pulsar no pescoço...
Gosto de ouvir o silêncio.
Ele é simplesmente lindo e nada vazio em si.
Esse é seu encanto...


Mas do que gosto mais é de sentir.


o vento,
o toque,
o abraço amigo,
o som do celular tocando e a voz do outro lado.
Sentir o amor dos meus,
de Deus,
sentir o afeto,
o carinho,
a amizade, a admiração...

Gosto de gente simples. Ah como eu gosto!


Minha imagem favorita.


Clara,
dada a conversas,
a besteiras,
a sinceras falas.
Descaradas falas, na cara.

Ah... sem falar do ensaio.
Gosto dos ensaios,
dos textos,
dos projetos,
dos meios,
dos bastidores,
da bagunça boa dessa gente linda que faz arte e é a arte em si.

Gosto de artistas,




eta gente verdadeira,
sedenta,
sedutora,
lançada mundo afora.
Gente linda essa!
Gente que é minha parte, gente que sou eu.
Gosto dessa face.

Assim: Eu.
Eu gosto.




Nada "afim" de nada!! Quero sombra e água fresca cara!

Isso aí!
Nada "afim" de nada... "a fim" de nada... quero sombra e água fresca.
Quero riso e abraço.
Aconchego, chamego.
Quero ar puro e energia.
Coisas da vida.
Gargalhadas, palco e instinto.
Catarse.

É assim.
Quanto mais esquenta-se para as coisas mais as coisas esquentam-se para você.
Então pra quê?
Vale mais é dar risada.
Vale mais uma saída divertida com a galera amiga.
Vale mais um filminho e pizza, mas depois a caminhada pra queimar as calorias. Eu sei...

Que bobeira!
Esse negócio de ficar mentalizando, o tempo todo perguntando o que seria ou como ia ser...
Já passei desse ponto.
Isso é perda de vida. Perda de tempo. Perda de momento, belos e densos.
Vamos andar na verdade e pronto! Ponto.

É assim!
Solo fértil, mente fértil.
Coração pleno, profundo e aberto.

Até o cachorro procurou ar fresco!
Descansou dentro do banco,
deitadinho ali ficou...

Era pleno feriado e ele ali esparramado,
esfriando o pêlo e roncando cedo.

Ele dormia no geladinho do banco Santander. Banco vazio. Um velho lendo o jornal, o cachorro dormindo, eu tirando dinheiro e fotografando a bela cena. A descoberta da boa vida: sombra e água fresca!

Isso aí!
Nada "afim" de nada... "a fim" de nada... quero sombra e água fresca.
Viajar por aí sendo outros em mim.
Subir e descer palcos, ir e vir nos atos,
despentear os cabelos já bagunçados,
colocar as havaianas,
caminhar vendo gente,
olhando gente,
sendo gente...


Isso aí!
Nada "afim" de nada... "a fim" de nada... quero sombra e água fresca.
Pé na estrada!


domingo, 22 de janeiro de 2012

Concentre-se em Si!


Essa será uma grande semana. Concentre-se em si. Ouça seu interior.
Para de ouvir o que os outros pensam.
Pare de ouvir as regras de outras pessoas.
Equalize suas emoções. Seja atento e valorize todos os momentos...
Creia verdadeiramente: Eles serão incríveis!




O incrível pode ser apenas um simples abraço num dia frio... fará uma grande diferença quando o receber.
O incrível pode ser um olhar repleto de carinho...
O incrível pode ser o prato de comida arrumado com todo amor quando chegar em casa cansado.
O incrível pode ser um amigo falando em alto e bom tom: VAMOS LÁ! É HORA DE TRABALHAR! NÃO PARE!
Pode ser incrível ver ser cachorro latir, simplesmente dirigir ou beber um copo d'água gelada.
Simplesmente poder ser o que não podemos descrever. Isso é mais possível de ser incrível.


Sensações que não definem-se em palavras.



Simplesmente: Ouça o todo. 
Use suas percepções para si.
Use plenamente.
Muitas vezes sabemos aconselhar todos e não aconselhamos a nós mesmos.
Não aproveitamos nossas qualidades para transformar nossa própria vida como deveríamos!
Use-as.
As respostas estão dentro de você! Dentro de nós!
Olhe o em torno e veja se quer estar dessa forma... se quer viver isso... se ama o que faz ou mesmo se tem amado a si mesmo como deveria... tem?

Ouça seu interior.

Olhe como nunca olhou.

Admire-se e admire o que tem.

Cultive e plante o bem que deseja viver.

Permita-se ser feliz.

Não espere o futuro para sê-lo.

Hoje já é o futuro de um minuto atrás, é o futuro da semana passada, do ano que passou...

Não viva esperando.

A vida passa enquanto espera-se.

Quer coisas diferentes, faça diferente do que tem feito e simplesmente veja como suas atitudes transformarão tudo ao redor.

Simplesmente concentre-se no que faz e no que deseja.

Tudo fala de forma clara ao coração. Se puder ouvir.

Tenho algo a dizer: Vá com calma!
A pressa torna tudo mais distante do que realmente está. 

Aproveite-se.

Aproveite a vida.

Ela não torna a ser como era.


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Tudo acontece por um motivo...


Tudo acontece por um motivo.

Se acabou é porque alguém não amou o suficiente para ficar, alguém deixou de cuidar, o outro magoou ou mesmo nunca foi... nem seria o certo para os dois.

Tudo acontece por um motivo.
É impossível que os caminhos sejam formados pelo acaso.
São apenas frutos de escolhas, claras ou ocultas, mas ainda assim escolhas...
Fluência de energia em direção a outro caminho...

"Ainda vai levar um tempo, pra fechar o que feriu por dentro..."
 Lulu Santos

Mudança?
Dói.
Caminhar em direção ao que não se conhece traz um medo de vida...
Traz uma tristeza pelo que não foi... pelo que poderia ter sido.

Eu sei, não se chora o leite derramado.
Prantear?
Acho que não devemos encher o coração e a mente com o SE.
O se é uma dúvida e dúvidas não devem ter residência na alma.
A dúvida é o muro...
Mas ainda assim há uma lágrima por tudo que não foi.
Solitária lágrima.

"Os românticos conhecem a dor da espera, a decepção do fim, a ausência do sentir..."

O que pode-se entender então de tudo que vivemos?
Não sei bem precisar.
Nem dizer que haja absoluta regra.
Por mais que seja dita ou expressa.
A vida não é uma novela.

Planejamos e no percurso o curso é mudado...
O curso segue de acordo com nosso coração, mesmo quando não sabemos precisar que estamos exatamente sentindo o que virá.
O coração é o prólogo.
Antecipa inconscientemente o que há de ser logo ali.


Há motivos para cada pessoa que temos em nós e ao nosso redor.
Para cada trabalho.
Para cada amor.

Há motivos, razões, determinações, escolhas...

Sim, nossos pensamentos, 
nossas ideias,
VIRAM COISAS.
REAIS.

Assim como imagina a sua alma, assim é.
pv 23:7


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Eu só quero um canto... encanto!

É uma ventania!
É mudança.
Mundo.
Muitas possibilidades.

Já nadei no mar revolto e cansa o braço esse nado...

É ruim o pouso sem estrada.

É doído o ferimento sem cuidado.

A noite vem, oferece o pouco.
Vazio.
Ilusório plano ela tem para envolver...
É oco pintado de ouro.

A noite tenho por enfeite, pra seduzir o momento que necessita de cor e pimenta...

Declaradamente sou da luz, sou do dia, da clareza.

Sou de raízes e tenho muito gosto  por elas.



De tê-las.
Delas quero fartar-me, de outras, novas e com a mesma força...
tenho necessidade, de possuí-las e vivê-las...
tão agradáveis são as tais e tudo que trazem em sua doce seiva.
Em sua terra natureza.



São fortes as raízes, vida, perto do frescor das águas são mantidas.
Dão sustento e ficam bem guardadas... no interior protegidas.

Sou... de casa.
Daqueles dias em que pede-se filme e pipoca.
Daqueles dias de almofadas, cafuné e longas e lentas piscadas dadas por olhares amansados...
adocicados...
pelo tal ilustre e conduzente coração...


Um cafuné de cuidado... ai que bom!

Sou da família, de gritar, brigar, cuidar e proteger os sanguíneos e não sanguíneos amados...

E o canto?
Quero um canto no encanto inteiro.
Quero o aconchego pleno entregue pela simplicidade do encontro.
Aquela paz inquieta.

Admirar o Hipnos sono e o levantar acordar.
Sentir o cheiro e ouvir o riso.
Viver dividido e ser assim, como um globo inteiro, mesmo havendo em si tantos países...

Quero um canto,
acalanto,
viver a mansidão e calor do encontro...
Um lugar só,
junto com as dualidades dos mundos de hão de mostrar-se enfim...
O lugar que não vale trapaças,
o lugar para somente ser, ver, viver.

Quero expandir-me, dividir-me, multiplicar-me.
Em um canto.



quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Não tenho vergonha de ser!

Começo assim, lembrando um comentário de um amigo da faculdade sobre o meu post anterior - O Sexo das Almas:
" Muito bom o texto. Uma prosa poética. Soou-me o AMOR cantado as avessas, como quem consegue ver de um ângulo oposto..."
Começo assim, refletindo os comentários mais analíticos que recebo e dos mais apaixonados também, como o que recebi sobre o post Pra que viver na realidade?

"AMEI o texto, você descreveu o que eu realmente penso."

Sempre recordo-me de uma pequena frase de Mia Couto que diz que "o poeta não gosta de palavras, escreve para se ver livre delas", é verdade. 


A arte da escrita é uma libertação, uma ação que livra-nos de todo movimento interno que aflige-nos. Sim, sei que muitos não escrevem... muitos bebem, muitos entorpecem seu corpo por conta de toda guerra em sua alma... sei que muitos cantam, outros entregam-se a uma busca frenética na expressão de sua arte, sendo de tal forma seus personagens que depois buscam tratar-se para livrar-se também deles... há tanto mistério revelado nos atos e em suas expressões... há tanto...

Sim, utilizei o marcador para esse post na sessão Minhas Impressões, porque na verdade são minhas impressões, minha visão, meu compartilhar. Nem a mim obrigo-me concordar com tais exposições no dia de amanhã, quem dirá o outro! Não obrigo-me a ser o que era antes, a poucos instantes, em anos anteriores, onde firmava-me sobre crenças que hoje foram desveladas à minha alma opondo-me às mesmas. Não obrigo-me a ser e a não ser. Somente sigo.


Outro dia um amigo disse: "Se eu ler eu entendo?" Referia-se a um texto poético pelo qual tenho grande afeição aqui no blog chamado Ele e ela - Plateia de um. Eu disse: sim, entende. Mas penso eu: Nem todos entendem. Não o que se quis dizer, mas o universo imaginado gerado pelo texto lido eleva o pensamento a um universo particular, com interpretações ligadas às suas próprias perguntas e pela parte mais sensível de sua alma.

Costumo relacionar-me com a palavra alma a muitos anos, olho-a como a descrição da revelação do interior do homem, e espero que todos possam interpretá-la nesse simples aspecto também quando refiro-me em minha produção textual.

Como intitulado o post dessa madrugada, digo eu, Não tenho vergonha de ser. Não tenho mesmo! Simplesmente olhei-me assim como quem olha de fora uma vida e pensei: Não tenho vergonha de ser! Não tenho vergonha de expor, não quero enquadrar-me para agradar, para satisfazer outros, para pertencer a algo, para receber elogios, para ser mais amada. Não tenho vergonha de nada do que sou. Um ser se contitui de tudo que viveu, de tudo que experimentou, de tudo que creu, de tudo que herdou, de tudo que aprendeu e de tudo que errou.

Os palcos são meus e eu deles. Os amigos são meus e eu deles. Posso contá-los em poucos dedos de uma mão, mas são meus e eu deles. 



Os textos são meus e eu deles. Os livros são meus e eu deles. Não vejo novela, não assisto tv diariamente, não vejo o que me deprime. Eu optei preservar minha alma do que me é mal e nesse pensamento permaneço até que eu conveça-me de outro.

Sim eu sei, tenho menos limite que antes. Descobri que não preciso e não aceito que me oprimam mais por nada. Abstenho-me de viver tal sensação prisional.

Não gosto de joguinhos. Enfim, tudo é jogo, mas se eu pudesse faria tudo, diria tudo, sentiria tudo de forma clara e exposta, mas isso assusta quem tem medo de viver tudo. Assusta quem ainda se guarda do sofrer.

Lembro-me de um vídeo que dizia que estamos em um grande jogo e que dele não saímos vivos. É bem assim. Se vamos morrer mesmo, corporeamente falando, pra que tanto empenho em não ser tudo que somos?


Aprendi que respondo-me quando pergunto-me. Aprendi que pergunto-me quando não estou plena. Aprendi que o mais difícil é assumir as respostas. Mas ainda assim não tenho vergonha de amar meu cachorro, de beijar e abraçar minha mãe do nada, de gritar enquanto estou no trânsito caótico do Rio mesmo que o outro motorista não ouça o que eu digo... de xingar mentalmente algumas pessoas que deveriam ser xingadas publicamente... ah... não tenho vergonha de ser.

Somente quero a graça de ser tudo que sou. Aprender a sê-lo. E pronto! Exercitar o viver.

Felizes são as pessoas que vivem o que são, que são enquadradas em si e não no outro, não no dito certo, no molde exato, na moda vendida, na verdade comprada.

Em uma outra frase que li dizia:

" O importante é ser feliz e não perfeito."






Eu recebi essas palavras em mim, são inspiratórias. O que eu preciso está em mim e eu sei: Não está a venda! O que eu sou é o que eu sou e disfarçar-me de outro ser é doentio e uma infantilização composta por desejos impostos que nos foram ensinados a sermos felizes quando somos aprovados por todos. 

O que eu preciso eu já sei, está em meu interior e grita por liberdade! O que eu preciso está pleno quando exerço a amplitude da minha personalidade, nas minhas letras, nas minhas cores, nas minhas danças, nos meus sorrisos, nas minhas prosas poéticas, nas minhas roupas de tons fortes, largas e confortáveis... O que eu preciso não encontro no mundo, admito em mim e no meu universo. 


Porque cada um é um mundo. Uma referência, uma poética.


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O Sexo das Almas

Era desprendido o ato. Livre. Um verdadeiro encontro. Era raro.


Quando o beijo fala mais que as palavras, quando o toque estremece o interior.

Era novo o sentir, o pulsar.


Quando o outro vira outro a olhos nus, quando as letras são consumidas pelo pensar e o acompanhante momentâneo é o medo de simplesmente perder-se no amar.

Era único, duplo e real. Dois sentindo tudo.

Como o desenrolar de um conto, tinha começo, meio e aquele fim era o melhor da história. A resolução, o auge da emoção. Mais do que corpos, almas. Mais que desejo, o enlaçar das mãos, do cheiro.

Saliva doce beijo, coração palpitante ecoando um sambinha de amor gritante escondido em frases não ditas na beira do abismo que tudo que é novo traz.


Era o suicídio da razão. Ela pulou coitada e nem se preparou para cair. No susto ela foi-se. Seus donos, acostumados a dominar tudo em milímetros, enlouqueceram com a possibilidade da tal emoção dominar-lhes a vida, temeram o aterrorizador sentimento inesperado dominá-los. Uma alma voou em si atrás da dona razão gritando:

"Ei espere-me razão! Tenho medo, não se vá não! Não posso viver o que quero! O que quero faz com que eu me perca, faz com que eu não domine meu eu - lírico eu!"


A outra alma ficou olhando, pensando se queria continuar vivendo o que sempre viveu ou se teria peito de arriscar andar na escuridão do que era-lhe proposto pelos céus. Respondeu suas questões e não voou atrás da razão. Concluiu:

"Deixem-na ir. Não dizem que quem vai, vai por uma razão. 
Se ela foi-se então, há explicação. É a hora do sentir vir e viver em mim."

Foram mais que simples corpos tocando-se. Foram histórias completando-se. Era o cumprimento do ciclo. Um encontro marcado e cumprido no sussurrar daqueles que viveram aquilo. Um sim anunciado a todos, um susto a eles, um prazer para a alma.

O sexo daquelas almas mudava o em torno. Mudava o pensamento. As palavras. Tinha a lentidão do sentir cada centímetro, tinha o aveludado de peles que se atraem, o afobamento o amor calouro, da paixão escondida atrás dos olhares... tinha o sonho na boca, os planos na alma, o futuro no sim, o medo no não, o fugir como opção e o viver tudo como plena aceitação do que sempre foi feito para ser.






Não se pode fugir do que é para ser...





Pra que viver na realidade?

Pra que viver na realidade?

Eu sei, vivemos em um tempo de estudos realísticos, dados e mais dados... mas de que realmente vale esse parâmetro?

A realidade nos diz onde estamos, como vivemos, o que temos. E isso estimula? A realidade delimita nosso espaço.

A realidade nos faz dar um passo de cada vez. Mas pra que andar se podemos ir além?

Visionar, ser motivado pelo ideal a ser alcançado, pelo que alguns chamam de sonho, outros de objetivos, metas... isso sim!



A realidade limita, o alvo impulsiona.

Aqueles que andam segundo o que realmente acreditam, assumem posições, comportamentos e são direcionados para o alcance daquilo que verdadeiramente são.

Toda possibilidade já existe. William Shakespeare disse:

"As ideias das pessoas são pedaços da sua felicidade."

É verdade. As ideias são fragmentos de desejos, são visualizações do que se espera viver e receber. Poucas pessoas conseguem assumir esses pedaços de si, muitas delas escondem-se até de si mesmas. Talvez a racionalidade impeça-os de ver-se. Talvez tentar usar a imaginação para identificar como suas ideias irão se realizar sejam o real impedimento.

Temos a grande mania de pensar:

"Como isso pode acontecer? É muito difícil..."

É a nossa extrema humanidade, simplória visão que dá resposta a tudo. A verdade é que não precisamos saber como irá acontecer, o que irá suceder, qual será o acontecimento... a  verdade é que devemos simplesmente acreditar no que diz nosso interior. Somos o que cremos e pronto.

Andar segundo o que se crê não é para todos. Às vezes vejo depoimentos de grandes personalidades que marcaram a história e ainda sinto-me impressionada pela sua fé, pela certeza que tinham no que acreditavam.

Ninguém precisava acreditar no que eles pensavam, eles sustentaram-se. Foram além.

Pessoas que criaram métodos, inventaram computadores, aviões, telefones, rodas... tudo que hoje é normal um dia não existiu. Alguém creu que podia fazê-lo e o fez. Creu e foi além.

Ouvir o seu coração, alma, intuição, voz interior, seja lá o que pense ser, é a resposta.

Ousar ouvir-se. Ousar acreditar no que pode acontecer independente de como irá acontecer.

Isso se chama fé. 

Independente de religião e sim coragem para ser.

Somos seres individuais e buscamos padrões de resposta, só que na vida acontece com cada um de uma forma.

 A resposta está dentro e não fora.

Agora me diz: Pra que viver na realidade?
 


segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O beijo e a lágrima - Mia Couto...

O quanto Mia Couto me inspira... Antônio Emílio Leite Couto, escritor Moçambicano. Um dois mais conhecidos autores na literatura africana. Biólogo e escritor... Mia Couto é um dos nomes na literatura que admiro.


O quanto a riqueza cultural do continente Africano seduz-me e envolve-me com suas cores, a valorização da ancestralidade, a história de suas máscaras, de suas letras, sua poética.


Lembro-me das aulas de cultura africana que tive na faculdade saudosamente.


Separando toda leitura que tenho que concluir, tudo que quero começar e recomeçar, encontro Mia Couto. Poesia e prosa com toda africanidade exposta.


Reparto um bocado do que aquece-me a alma...






O BEIJO E A LÁGRIMA


Quero um beijo, pediu ela.



Um sismo

abalou o peito dele.

E devotou o calor
de lava dos seus lábios,
entontecida água na cascata.



Entusiamado,

ele se preparou para, de novo,

duplicar o corpo e regressar à vertigem do beijo.



Mas ela o fez parar.



Só queria um beijo.

Um único beijo para chorar.





Há anos que não pranteava.

E a sua alma se convertia

em areia do deserto.



Encantada,

ela no dedo recolheu a lágrima.

E se repetiu o gesto
com que Deus criou o Oceano.




Sentindo...

Doces sentidos. Doces?
Não sei.

Tudo está potencializado.
Tudo está claro e sendo verdadeiramente sentido.

Talvez tudo na vida seja realmente dividido cronologicamente.
Pode ser que assim seja.
Pode ser que tudo só faça sentido quando estamos sentindo tudo.
Não somente com essa significância literal, mas com sua genuinidade.

O valor de cada toque,
cada gesto,
cada olhar,
cada palavra,
cada direção proposta e aceita.
Os reais objetivos e objetos.

Carinho.


É um mundo pluralizado, interiorizado e transformado em atos.

Troca.

Pequenos atos, múltiplos e não cênicos, mas realísticos, sanguíneos e irretornáveis.

Doces sentidos? Doces?
Não sei.
Mas merecem ser vivenciados por sua singularidade.
Nunca mais serão sentidos da mesma forma.
Nem terão os mesmos nomes,
nem rostos,
nem cheiro.
Não os mesmos beijos,
não os mesmos sabores.

Enlace.


Se está dividido cronologicamente a valorização de todas essas preciosidades? Não sei.
Mas quem consegue identificar tais joias deve simplesmente senti-las, vivê-las, ao máximo.

É o minimo que pode ser feito.

Companhia.


Porque vale estar sentindo.