Costumo pensar que morrer dói, mesmo que muitas pessoas já tenham me dito que não era esse o caso.
Que muitas vezes a morte seja como um sopro.
Mas não penso assim.
Imagino como um bebê chora ao nascer.
O ar entrando nos pulmões, tudo é novo, o corpo exerce suas funções com novos elementos.
Dói.
A luz nos olhos que nunca a viram, o som gritando nos ouvidos.
A dor de nascer no mundo terreno, que antes ainda não havia pisado.
A morte penso ser assim.
Uma dor de partir.
O corpo fazendo o contrário.
Parando.
A dor de parar.
A dor de partir.
A consciência viva mas o corpo falindo.
É doloroso.
Tenho pra mim.
Um dia uma amiga que já se foi me disse que não tinha filhos por escolha.
Para morrer já bastava ela, ela disse.
E assim sua vontade se fez.
Viveu uma vida plena e não os teve.
Não os viu morrer.
Mas também não os viu viver.
Foi uma escolha.
Ela partiu.
Sua morte doeu.
Foi uma doença dessas que dizem ser terminais mas parecem que não acabam nunca.
Que dão tempo de pensar.
E pensar dói.
Fere a alma se deixar.
Costumo pensar que viver também dói, mas que vale.
Porque valeu conhecer ela, ele, eles, elas, todos que já se foram.
Porque vale amar, sentir o cheiro das coisas, comer delícias, sonhar.
Porque tudo realmente vale viver.
Vale ser.
Vale estar.
Quanto ao fim... tudo tem.
É saber que existirá e deixar rolar.
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