quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Ele e ela - Plateia de um

Ele era encantável aos olhos nus
A face agradável que buscam os desejos crus
Nada do era em si era revelado assim, ao simples olhar
Como uma caixa de pandora eram as surpreendentes coisas escondidas atrás de suas cores pálidas
Era guardado dos outros e exposto ao seu caos

Ela era grandemente doce
Dada a todos com coração
Amante do cuidar
Do toque e das palavras
Era cheia de coragem que a vida obrigou-lhe a ter para ir em frente e sobreviver


Ele era poesia
Ela era texto

Ele era verso
Ela era prosa

Eles eram almas estranhamente parecidas
Ele ia sem pensar
Ela pensava demais para ir
Ele jogava com o olhar
Ela não sabia brincar de seduzir assim

Nas tormentas de uma cena vivida viraram plateia única, unida
Plateia de um

Esses mundos encontraram-se mesmo já estando juntos na vida
Toque, lábios
Pleno contato
Ritmação que dizia palavras que não foram ditas, somente sentidas, somente mexidas
Um mundo de grandes possibilidades
Daqueles calores que dão verdadeiro sabor a vida

Eles eram parecidos e não sabiam
Ela desejou a quentura do querer ser um
Ele não soube o que fazer

Foram plateia de um
Plateia de um

No fundo
Em si
Ele só buscava cuidado
Era de tudo porque buscava ser um em outro
No fundo
Em si
Ela cuidou de todos
E nunca cuidou de si
Quis ser toda enfim

Agora ela acordou
Agora ele se foi

E foram feitos plateia de um
Foram plateia de um amor possível...





2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom o jogo de palavras, o "conflito" que a todo tempo permanece no texto dando uma tensão saborosa...Antítese aparente que no fim se mostra numa convergência...Qualquer semelhança seria mera coincidência ????????

Fora da Cena disse...

Não há coincidências...
Como já disse Mia Couto (autor Moçambicano)em seu poema O POETA: "O poeta não gosta de palavras: escreve para se ver livre delas."
Obrigada pelo comentário analítico.