domingo, 24 de julho de 2011

Amy = muitos





Amy Winehouse é tão parecida com tantas pessoas. Tem um pouco de todos e tudo.

Pensar no quanto podemos ser destrutivos nos mostra o quanto somos humanos, falhos e simples.

Sempre pensei que só nos conhecemos até onde fomos. Temos tendências e somos atraídos para elas. Temos questionamentos, insatisfações, medos e frustações que podem ocasionar grandes males se não forem bem administrados.

Lembro da primeira vez que traguei um cigarro aos 16 anos. Foi ótimo. Foi bacana e sempre achei que era bonito. Fumei durante doze anos e tive diversos momentos angustiantes em hospitais por crise de bronquite crônica. Parar a primeira vez foi fácil. A segunda tive dores de cabeça e insistente mau humor que incendiava minha vida.

Parei de fumar por 7 anos, voltei 2 e parei novamente. Não sinto vontade alguma de fumar, mas quando paro para lembrar ainda sinto o gosto do malboro vermelho na boca, e enfim, pra quem usa o gosto é muito bom. Seja que substância for. A sensação não alimenta só o corpo, sabemos...

Lá no fundo conhecemos nossos limites o que nos atrai a rompê-los. Alguns limites devem ser preservados para que sejamos preservados de nós mesmos. "No fim a peleja somos nós contra nós mesmos."



Tenho amigos e amigas que fumam um cigarrinho uma vez no ano, uma vez ao mês... assim sem nenhuma pretensão, somente porque estavam em belo bate papo em um lugar bacana e havia o clima com aquele vinho seco e os assuntos que varam a noite... eu sei que não posso. Tenho que me cuidar.

Existem pessoas que se derem um trago compram um maço. Eu sou dessas, foi asssim que voltei a fumar uma vez: dei um trago e pronto. Comprei um maço e foi como se nunca houvesse parado.

Nós temos realmente que entender que existem pessoas que têm disposição orgânica para adicção. É uma probabilidade grandiosa para a continuidade e fluência. Há de ser compreendidas e respeitadas essas diferenças.

É triste, porém é assim. Cada um é cada um. Cada um é um mundo.

Outros e muitos fatores contribuem para essa fornalha. O desequilibrio emocional e interior é um ingrediente impulsionador para o mergulho no desconhecido e nos grandes e estimulantes riscos.

A insatisfação e frustração têm um poder de incentivo forte também. Amigos, amigos, amigos... também são fatores.

Tantas pessoas se entregam em relações afetivas angustiantes e perigosas, nocivas e altamente sofridas. São outras drogas, são outros vícios.

O vazio, a solidão, a tristeza, tantas coisas podem ser camufladas... Para tudo há um porquê.

Quando não é tendência à adicção é fator emocional, mas com toda certeza tem que ser tratado de dentro pra fora em quaisquer opções.

Reconhecer-se é fundamental para melhor viver. Mesmo assim ainda erramos. Não toma cuidado não pra ver!!!!

Lamento a Amy. Assistir as matérias sobre suas idas e vindas, seus tombos, shows, sua carreira, isso me entristece de uma forma tão forte que me abstenho de ouvir. Não porque é uma cantora singular, com uma voz explêndida, mas pela degradação do ser. Me lembra um jovem a quem doamos comida por um tempo nas ruas, usuário de crack que agora está morando perto de uma praça com sua namorada grávida. Triste...



Triste ver as pessoas assim. Triste para um pai ver seu filho nas ruas, a droga consumindo tudo. Consumindo a vida. Secando a carne. Destruindo a mente. Findando a vida.

Lamento a Amy. Lamento todos. Realmente lamento.

Só nos conhecemos até onde fomos. Não dá pra se jogar em um buraco e contar com a sorte pra sair. Não sabemos se temos braço pra isso, ou se há uma corda para subir.

Há lugares que só saímos com ajuda divina mesmo. Há lugares que só saímos por milagre, só com Deus, esse é o maior braço forte.

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