Eu sei que muita gente acha que a vida de ator é moleza.
Corporizar uma personagem é algo tão intenso, de tamanha sensibilidade.
Lendo minha assinatura mensal da Bravo!, uma revista qjue indico à todos aqueles que apreciam arte em sua diversidade, li uma matéria e fiquei impressionada.
Os danos psicológicos e físicos causados à atriz Mariana Lima foram profundos no trabalho que ela desenvolvia numa determinada companhia teatral. Nossa profissão é tão delicada quando se trata da verdade na construção de uma personagem. O veículo ator pode ser atingido se não conseguir aquele distanciamento saudável entre o seu Eu e o Eu personagem.
Muitas pessoas podem ser conduzidas de forma sutil ao abismo. O nosso interior há de ser sempre cuidado com priorização.
Um dia me falaram que para que eu chorasse em cena devia lembrar de uma coisa triste em minha vida.
Aí pensei: morte do meu pai foi triste... mas DEUS ME LIVRE toda vez que tivesse que chorar em cena eu tivesse que viajar em minha memória emotiva. Ficaria doente. Seria sofrimento real toda vez que encenasse, e se ficasse em cartaz por 2 anos???
Descobrir a dor da personagem e senti-la, para mim é trazer à cena sua alma, isso "exclui-me" de cena, é certo que há de nós neles, não podemos ser retirados de toda forma, senão não estaria lá.
A nossa experiência, nossa vivência aumenta a densidade das construções.
O laboratório é bacana. Conhecer, ver, ouvir, sentir o cheiro.
Mas se tivermos que nos magoar para entender o magoado, nos machucar, nos viciar, se precisar fazer as coisas mais nocivas para que isso aconteça, como será?
Nos conhecemos até onde fomos.
Não dá pra se jogar no buraco... não sabemos se temos força ou alguém com uma corda pra nos tirar de lá.
É dificil falar disso, todos esses pensamentos me fazem lembrar vários danos que tive quando vivi experiências em um determinado grupo de pessoas que acabou por sugestão conduzindo por um breve tempo muitos momentos da minha vida. Triste isso. Demorei a me recuperar. Até bem pouco tempo ainda tinham vestígios dessa coisa...
O material principal de trabalho do ator é ele mesmo. Isso é sério demais.
Temos que ter o distanciamento Brechtiano.
Um comentário:
Belo texto.
Postar um comentário