quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O Sexo das Almas

Era desprendido o ato. Livre. Um verdadeiro encontro. Era raro.


Quando o beijo fala mais que as palavras, quando o toque estremece o interior.

Era novo o sentir, o pulsar.


Quando o outro vira outro a olhos nus, quando as letras são consumidas pelo pensar e o acompanhante momentâneo é o medo de simplesmente perder-se no amar.

Era único, duplo e real. Dois sentindo tudo.

Como o desenrolar de um conto, tinha começo, meio e aquele fim era o melhor da história. A resolução, o auge da emoção. Mais do que corpos, almas. Mais que desejo, o enlaçar das mãos, do cheiro.

Saliva doce beijo, coração palpitante ecoando um sambinha de amor gritante escondido em frases não ditas na beira do abismo que tudo que é novo traz.


Era o suicídio da razão. Ela pulou coitada e nem se preparou para cair. No susto ela foi-se. Seus donos, acostumados a dominar tudo em milímetros, enlouqueceram com a possibilidade da tal emoção dominar-lhes a vida, temeram o aterrorizador sentimento inesperado dominá-los. Uma alma voou em si atrás da dona razão gritando:

"Ei espere-me razão! Tenho medo, não se vá não! Não posso viver o que quero! O que quero faz com que eu me perca, faz com que eu não domine meu eu - lírico eu!"


A outra alma ficou olhando, pensando se queria continuar vivendo o que sempre viveu ou se teria peito de arriscar andar na escuridão do que era-lhe proposto pelos céus. Respondeu suas questões e não voou atrás da razão. Concluiu:

"Deixem-na ir. Não dizem que quem vai, vai por uma razão. 
Se ela foi-se então, há explicação. É a hora do sentir vir e viver em mim."

Foram mais que simples corpos tocando-se. Foram histórias completando-se. Era o cumprimento do ciclo. Um encontro marcado e cumprido no sussurrar daqueles que viveram aquilo. Um sim anunciado a todos, um susto a eles, um prazer para a alma.

O sexo daquelas almas mudava o em torno. Mudava o pensamento. As palavras. Tinha a lentidão do sentir cada centímetro, tinha o aveludado de peles que se atraem, o afobamento o amor calouro, da paixão escondida atrás dos olhares... tinha o sonho na boca, os planos na alma, o futuro no sim, o medo no não, o fugir como opção e o viver tudo como plena aceitação do que sempre foi feito para ser.






Não se pode fugir do que é para ser...





2 comentários:

Matheus José Mineiro disse...

Era novo o sentir, o pulsar......bom começo de um poema ,levitante.massa ler vc ...msm.

Fora da Cena disse...

Obrigada Matheus!!!! Obrigada querido!!!