segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Pelos palcos...

Na extrema emoção,
na intensa dedicação e experimentação constroe-se o ator,
transforma-se o ator.

Pelos palcos vive-se a real catarse psicológica,
a liberdade interna proporcionada por tudo que se é e não é,
num ajuntamento perfeito do que se quer deixar dizer.


Indescritível,
natural,
intuitivo.

Processo tal e tão necessário que circula como sangue nas veias...

Uma verdadeira descarga química.
Energético.
Pulsante.



A catarse vivida pelo ator é maior, eu creio, maior do que a da plateia.
Entendendo por catarse aquela que a psicologia refere-se, e não a que a filosofia expõe, relacionada ao drama, a fortuna e a miséria, a felicidade e a infelicidade da personagem descrita, tal qual podemos exemplificar com a personagem de Édipo Rei e toda sua trajetória trágica.

A catarse que refiro-me é libertação do cotidiano,




das regras,
das formas clássicas de expressão.


Nessa experiência,
são quebradas barreiras, medos,
há libertação, há expurgação,




são instantes inteiros,
vividamente estabelecidos,
emocionalmente construídos,
levando em cada linda dita,
em cada desdobramento de ação,
memórias, visões, experiências e espectativas...
Levando bagagem acrescida.

É o ser cidadão-ator sendo transformado em si para enfim poder ser instrumento de outro.

Ser um instrumento usado pela obra,
uma expressão viva,
um agente causativo,
um transmissor,
para que o universo proposto seja entregue a tantos que ali de olhos e ouvidos atentos estão,
saber que cada um criará um universo imaginado a partir de então.

Pelos palcos,
cantos mágicos,
Debaixo das múltiplas luzes,
na escuridão...
ali estão aqueles seres "buscantes",
de alma plural e enigmática.
Multiplicando-se, dividindo-se,
entregando a nudez de sua alma.



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